top of page

Entrevista com os guerreiros K.W.V.A. e Nephal (Labyrinth Spell), para o

Pagan Hammer Zine # 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1- Saudações! guerreiros do Labyrinth Spell,  É um prazer ter a horda nas páginas do Pagan Hammer  Zine... Desde 2000 que vocês vem mantendo a bandeira do Real Black Metal erguida em uma cena sem perspectiva para um futuro promissor para uma horda nacional. Como têm sido esses anos de batalhas nesse maldito underground?

 - K.W.V.A.: Saudações Pagan Hammer Zine! Agradecemos imensamente a oportunidade de expormos um pouco de nossos pensamentos aqui em vosso zine. Bem, a banda realmente iniciou em 2000, numa época que o Black Metal e principalmente a linha de som que fazemos era ainda bem desconhecida no geral aqui no Brasil. Independentemente disso, decidimos trilhar tal caminhada, pois era justamente o que buscávamos naquele momento, um misto de caos, trevas, brutalidade e também uma atmosfera melódica e melancólica, parte de nossas influências musicais e também nossa conexão com a natureza e todos os seus contrastes, sua selvageria e beleza, morbidez e perfeição...

Durante todos estes anos, trilhamos o caminho da escuridão e do underground, motivados única e exclusivamente pelo nosso convívio pessoal, amizade e experiências individuais e também coletivas, que acabaram por influenciar demais tudo aquilo que compúnhamos em estúdio. Naquela época, não havia internet (eram os primeiros passos) então praticamente não tínhamos muitos contatos e também nosso foco era bem mais individualista. Em nossa cidade, praticamente não existia um movimento voltado ao Black Metal. Tocávamos para nós mesmos, e obviamente como tudo que progride, resolvemos fazer uma gravação para registrar o momento e a época, mas ainda em condições bem precárias, pois era muito complicado encontrar bons estúdios e também equipamento adequado para que pudéssemos efetuar o registro de maneira decente. Além disso, éramos bem mais novos e mesmo possuíndo ideais fortes e consistentes, ainda sim éramos bem inexperientes. Mas, apesar de todos os percalços, conseguimos gravar a demo “The Labyrinth Spell” e divulgá-la para nossos contatos e aliados mais próximos.

Logo após este feito, infelizmente a banda encerrou suas atividades, uma vez que eu e Nephal nos mudamos para outras cidades e assim aquele ciclo teve seu fim. Continuamos de certa maneira mantendo contato e também envolvidos em outros projetos musicais. Mas o Labyrinth Spell teve um hiato de muitos anos creio que 6 ou 7 e apenas em 2008-2009 retomou as atividades. Sendo assim, em 2010 após todo este tempo a demo “DCLI” veio à tona, com uma proposta ainda sim calcada no paganismo e nos principais aspectos do Black Metal, mas com uma sonoridade muito mais brutal e consistente, trazida pelos anos e experiência adquirida. Em 2013 finalmente nosso Debut álbum se concretizou e agora estamos batalhando em sua divulgação.

 

2- Em 2002 foi lançado seu primeiro  trabalho “The Labyrinth Spell Demo 2002”, o que vocês acham que conseguiram alcançar com ele que a banda almejava desde a sua Demo “The Labyrinth Spell “ mas possam não ter conseguido?

 - K.W.V.A.: Nós almejávamos uma continuidade, que infelizmente não aconteceu. A demo foi de extrema importância para nós, uma vez que era a concretização de toda uma batalha e de músicas e sentimentos que foram criados justamente para consolidar tudo aquilo que estávamos fazendo. Não era um hobby ou um passatempo, mas sim parte integrante de nossas vidas, experiências, conclusões, anseios e a maturação de um ideal forjados em música e arte. Tivemos muita dificuldade para gravarmos o material, inclusive cada uma das músicas foi gravada em um lugar diferente. Certamente queríamos muito mais. Tínhamos uma formação coesa, ideais fortes e principalmente direcionamento. A banda contava com 5 integrantes na época, todos competentes no que fazíam, enfim, tudo para que um trabalho ainda mais grandioso tomasse forma. Infelizmente, nossos caminhos se separaram e não fora possível seguir tal destino. Mesmo assim, tudo que passamos e aprendemos neste período tornou-se fundamental para o que ocorreu depois, todos os projetos e bandas que participamos e principalmente para quem nos tornamos e somos hoje.

 

3- Como se deu a criação desta nova  Demo “DCLI ” de 2010 desde a composição das músicas até o resultado final?

 - Nephal.: Na verdade, a demo em questão não pode ser considerada tão nova assim, pois é um trabalho que foi concebido, gravado e divulgado há mais de quatro anos, sendo que representava outro momento da banda, logo após termos retomado os trabalhos, depois de um longo período de recesso, por assim dizer.

 

De toda forma, como é regra na banda, as composições aconteceram basicamente de forma conjunta, com a junção de ideias e esforços dos membros, sendo materializada aos poucos, com os ensaios e as melhorias propostas. Posso dizer que as músicas foram sendo concebidas aos poucos, foram sendo formatadas com os ensaios e contribuições de todos os membros, o que julgamos ser o processo ideal.

 

À época da feitura das três músicas da demo, a banda tinha outra formação e ainda fazíamos um som mais cru, direto e menos elaborado, ao meu sentir, mas ainda muito intenso e musicalmente rico. Acredito que a sonoridade da demo reflita, de forma fidedigna, o momento específico em que estávamos inseridos.   

 

O processo como um todo foi lento e verdadeiramente "underground".  Na verdade, um pouco mais lento do que desejávamos, pois optamos por fazer tudo por conta própria, desde a gravação, que ocorreu em um estúdio caseiro, com equipamentos singelos, passando pela mixagem e masterização final, também por nós realizada em computadores pessoais, chegando à arte gráfica e divulgação, toda de nossa iniciativa. Por isso, considero um material simples, sem maiores pretensões, embora o resultado final tenha agradado bastante a banda, norteando o processo de composição e gravação do álbum que seguiu, também todo feito pela banda, sem interferências externas.

 

4- Vocês lançaram o Cd “Mountains Enthroned Full-length 2013) continuam divulgando este trabalho ou já se concentram em algum material novo  um full Cd?

 - Labyrinth Spell: Inicialmente gravamos e lançamos o disco por nossa própria conta e temos batalhado bastante para divulgar o álbum aqui no Brasil. Ano passado, fizemos um show em Vitória-ES (15ª edição do Metal Devastation Fest), onde pudemos explorar um pouco mais o lançamento, tocar as músicas ao vivo e também aproveitar para expandir nossos horizontes no sentido de termos um contato maior com nossos admiradores e aliados. Este ano estamos bem focados na divulgação do novo material, inclusive fechamos uma parceria com o selo Vacula Productions da Ucrânia, para divulgação do material no exterior. Além disso, iremos tocar agora em São Paulo, no dia 11/10/2014 no evento Bestial Holocaust III e temos nos preparado intensamente para este momento. Tenho certeza que este evento será memorável e uma grande oportunidade de expandirmos e divulgarmos nossa arte e consolidar novas alianças. Obviamente que temos trabalhado bastante em novas composições e um prenúncio de um novo álbum já surge no horizonte. Enfim, a nossa saga está apenas começando e ainda teremos muito chão pela frente.

 

6- Quais os planos para o lançamento do próximo  trabalho do Labyrinth Spell ? Vocês possuem contrato com a "Vacula Productions" da Ukraine. para o próximo lançamento ou irão procurar um novo selo para montar uma parceria?

 - Nephal.: No momento, acabamos de passar por uma mudança significativa de formação da banda, com a substituição do vocalista Duk, o que certamente demanda certo período de adaptação e mesmo a formulação de novos planos.

 

Contudo, já estamos amadurecendo a ideia de gravação e lançamento de um novo material no decorrer do ano que vem (2015). Já temos algumas músicas novas e nos próximos meses estaremos trabalhando em cima das mesmas e até mesmo em releituras de algumas músicas mais antigas, da primeira demo, que gostaríamos que fossem reaproveitadas para um novo lançamento, cujos detalhes ainda serão definidos e divulgados oportunamente. 

 

Não há qualquer contrato com a "Vacula Productions" para um próximo álbum, apenas para o lançamento do disco "Mountains Enthroned" na Europa. Assim que estivermos com a gravação pronta, iremos estudar as possibilidades e proposta para a divulgação do material.

 - K.W.V.A.: Honestamente, creio que iremos utilizar a mesma fórmula utilizada para o CD “Mountains Enthroned” para a gravação do nosso próximo álbum. Buscaremos gravar e produzir tudo independentemente e após o término do material, poderemos buscar alguma parceria no sentido da divulgação do disco aqui no Brasil e no Exterior. Nós possuímos um contrato com a Vacula Productions, mas apenas para este CD. Futuramente, caso haja interesse em nossa arte, poderemos negociar uma aliança no sentido de lançarmos o material de maneira mais profissional e decente.

 

7- Quais são as principais características que podem diferenciar o Labyrinth Spell das demais bandas do nosso cenário que executam sonoridade similar?

 - K.W.V.A: Bem, não temos acompanhado muito o que tem acontecido no cenário em geral, mas em minha opinião o que pode nos diferenciar de outras bandas seria a nossa temática e também nosso direcionamento no sentido de fazermos as coisas acontecerem. Temos investido muito tempo e dedicação para fazermos realmente o que gostamos e executarmos a sonoridade que mais nos agrada. Neste sentido, buscamos a autenticidade ao máximo, mesmo apesar de nossas influências (não há como negá-las), principalmente no sentido de tocarmos e musicarmos realmente aquilo que vivemos, de forma poética e de certa maneira também metafórica. No mais, nosso real objetivo é o de prevalecer e tornar a nossa arte cada vez mais poderosa, independente e autossuficiente, preservando os principais aspectos do metal negro, que a cada dia se deterioram mais e mais, em virtude da falta de personalidade e também de ideologia daqueles que têm contribuído para tal.

 

8- Quais as principais dificuldades e satisfações de manter uma horda Black metal hoje? Qual sua opinião sobre a atual cena?

 - K.W.V.A.: As dificuldades são inúmeras. Tempo para se dedicar à música, uma vez que nenhum de nós vive exclusivamente de metal. Todos os membros da banda possuem atividades regulares das quais necessitam para sobreviver. Os investimentos também são altos, pois para se manter uma banda temos que ensaiar constantemente, comprar e dar manutenção constante em equipamentos, gravação, viagens, lançamentos, etc... Tem também a distância, que talvez seja um dos aspectos mais complexos de serem transpostos dentre os demais listados acima. Enquanto a maior parte da banda está radicada em Serra-ES, eu estou em Belo Horizonte-MG, o que de certa maneira se torna um aspecto bem difícil de ser superado, mas jamais impossível. Os caras ensaiam sempre aos finais de semana e vão me passando as músicas, para que eu possa trabalhá-las no quesito vocal e lírico. Para ensaiarmos todos juntos, temos que nos reunir ocasionalmente (o que acontecerá agora às vésperas do show de SP) para colocar tudo em prática e ver como fica e assim definirmos os próximos passos a serem dados.

Como citamos acima, nós somos totalmente independentes e fazemos tudo do nosso próprio jeito. De um lado isso é excepcional e brilhante, pois nos possibilita ter 100% de controle e deliberação de nosso trabalho e também direcioná-lo de acordo única e exclusivamente com nossa própria vontade. Em contrapartida, é muito complicado para uma banda que faz tudo independentemente conseguir um retorno maior, no sentido de divulgação, produção e também eventos que sejam importantes e que nos possibilitem expandir nossa arte de maneira mais coesa e profissional.

 

Em contrapartida, dentre as satisfações de se ter uma banda, é a de ter aquele momento em que você pode exteriorizar e compartilhar anseios, sentimentos, pensamentos e momentos com pessoas que você considera como iguais. A sensação de dever cumprido quando vê um material concluído, lançado, ou então ao término de um show quando as pessoas vêm cumprimentá-lo e dar o devido reconhecimento a algo pelo qual tanto se lutou. Enfim, creio que esses motivadores sejam muito mais poderosos do que as dificuldades ilustradas acima, caso contrário, como muitos, já teríamos desistido e caído no esquecimento.

 

Quanto à “cena”, sinceramente, desde que estou envolvido com metal jamais fiz parte de cena alguma. Temos sim, alguns amigos, admiradores e aliados, que nos têm auxiliado e contribuído mesmo que indiretamente ao longo dos anos. No mais, vejo a coisa de uma maneira bem individualista mesmo. A verdadeira cena somos nós mesmos. Cada um seguindo seu caminho, fazendo aquilo que julga que deve ser feito e caso isso seja bem feito, de maneira honesta e verdadeira, terá seu reconhecimento mais cedo ou mais tarde. Isso se dá não apenas no quesito banda, mas sim nos demais quesitos pessoais. Se cada um olhasse para si mesmo e verificasse o que poderia fazer para tornar nosso cenário mais honroso e grandioso, indo aos shows sérios, adquirindo material das bandas, produzindo eventos melhores e de qualidade com ênfase nas bandas locais, se mais bandas produzissem mais material de qualidade e verdadeiro, enfim, um conjunto de fatores que faria com que a estrutura “metálica” existente em nosso país fosse muito mais promissora.

 

9- Que tipo de temática a banda se preocupa em expressar nas músicas? Qual é a verdadeira proposta musical do Labyrinth Spell?

 - K.W.V.A.: O Labyrinth Spell sempre primou pela essência caótica e negra tanto em sua música, quanto na temática. Os temas escolhidos sempre foram os ligados à morte, conhecimento em geral, filosofia, natureza, selvageria, ocultismo, paganismo, satanismo, etc... Desde nosso início a idéia era fazer uma arte de vanguarda, que unisse todos estes elementos transformando-os em arte e música. Grande parte disso também se derivou da aplicação destes mesmos temas, uma vez que buscávamos nos reunir frequentemente em locais ermos e desolados para podermos trabalhar tais questões, fossem em forma de debates, ou até mesmo em âmbito prático. No final, todas as experiências que tivemos tanto individualmente quanto em conjunto, veladas poética e metaforicamente, nos levaram à consolidação da temática lírica e também musical da banda, que culminou na primeira demo “The Labyrinth Spell”. Com o passar do tempo, e principalmente com todo o nosso amadurecimento tanto musical quanto ideológico, tais temas tornaram-se ainda mais densos e profundos, e continuamos a utilizá-los em toda a concepção lírica e musical atual, transformando o nosso som em algo muito mais fantasmagórico e melancólico, com toda a melodia, introspecção e atmosfera necessária, de certa maneira até posso dizer, trazendo um “revival” de um Black Metal que praticamente já não existe mais. Portanto a nossa verdadeira proposta é a de continuarmos a propagar todo este ideal que teve início há praticamente 15 anos atrás, mantendo esta chama cada vez mais forte e incessante, trazendo ao mundo toda nossa fúria, caos e insanidade, uma sonoridade inóspita, um convite ao questionamento e à autodestruição, musica esta que fora e será forjada nas mais profundas e negras moradas do Hades.

 

10- Agradeço pela atenção. Força a grande Labyrinth Spell, e deixe suas palavras finais ao  Pagan Hammer Zine?

 - Labyrinth Spell: Nós agradecemos o espaço cedido em vosso zine, para que através dessas palavras possamos destilar um pouco de nossas convicções e também realidade. Nada melhor do que o tempo para trazer amadurecimento e objetividade às pessoas, obviamente que não para todos. No nosso caso, ele tem nos servido muito bem, pois a cada dia que passa, ficamos mais fortes e focados, e principalmente enérgicos, no sentido de trazer ao mundo a verdadeira essência de nossa arte negra. Enquanto vivermos, o Labyrinth Spell e toda sua inexorabilidade e escuridão irão assolar este mundo, trazendo aos nossos iguais, confrades da mão esquerda, aliados e amigos as sombras que a maioria dos mortais faz questão de esquecer. Não há luz sem trevas, não há vida sem morte, não há conhecimento sem dor, não há verdades absolutas, mas sim aquelas que vivemos temporariamente. Assim sendo, fazemos um convite aos que não nos conhecem e se sentirem representados por nossa arte a conhecerem um pouco mais de nossa essência através do CD “Mountains Enthroned”.

Saúde aos fortes! Morte aos fracos!

 

No mais, aos nossos irmãos e aliados em armas, caso assim desejarem, favor nos contactar através dos e-mails

labyrinthspell@hotmail.com ou furiouswyrd@hotmail.com

 

 LABYRINTH SPELL

*K.W.V.A.: Vocal

*Thrymr: Guitarra

*Nephal: Guitarra

*Pagan Warrior: Baixo

*Avernalis: Bateria e Teclado

 

​

 

RETORNO

bottom of page